A polêmica do “pen drive” na apresentação de David Guetta

A discussão foi imensa, e claro, há gente que ame, que odeie, e que fique em cima do muro • Confira aqui nossa opinião sobre o assunto.

 

Nos últimos dias, reparei que um dos assuntos mais comentados nas redes sociais brazucas foi (antes do início do BBB) o tal do pen drive que David Guetta esbarrou, o som parou, e o povo, ao invés de vaiar, gritou exaustivamente o nome do francês, que após longos 20 minutos de pausa em sua apresentação “ao vivo” em Recife, voltou ao palco.

A discussão foi imensa, e claro, há gente que ame, que odeie, e que fique em cima do muro. Li opiniões diversas de DJ’s, produtores, ouvintes, fãs, simpatizantes, e afins. E particularmente concordo em alguns pontos; acho a discussão válida. Concordo que isso é algo que pode rolar com todo mundo que vive de música (afinal, quantas vezes em apresentações, o pen drive não morreu, mas o CD pulou, a música parou, algo pifou, o disco riscou, enfim…).

Li também artigos que citam David como um “pseudo-DJ” (o que, se considerar apenas pelo ocorrido na cidade pernambucana caracteriza sim certa dose de acomodação, como já abordei em minha matéria “DJ’s – Acomodados ou Inovadores, Eis a Questão”).

Apesar de concordar em parte com o ocorrido, acredito que o francês preocupe-se bem pouco com isso, pois, para quem iniciou sua carreira em 1984 com 17 anos de idade (e hoje já possui 46), ele tem pouco para provar. É conhecido internacionalmente como, mais que um DJ, uma estrela. Suas produções, não tão conceituais por serem de música eletrônica (bem mais POP falando claramente) também são amplamente criticadas por não “honrarem suas raízes”, mas acredito que diversos pontos devem ser considerados. Um deles sem dúvida é que Guetta é pop, mas se pensarmos no inicio real de seu sucesso (em meados dos anos 2000) com o suas produções “pop”, ele conseguiu levar sua mensagem e pessoas que, de outra forma, jamais saberiam de sua existência, sendo exaustivamente tocado por rádios ao redor de todo o planeta. Tanto é verdade isso, que atualmente ele comprova seu sucesso enchendo estádios onde ele é a estrela principal, ou festivais, como o Rock in Rio, em que era uma das atrações (dentre gente como Beyoncé) e mesmo sendo citado como um “animador de plateia” (com qualquer coisa gravada anteriormente (os clássicos playbacks), ele faz sim o mesmo sucesso. Eu conversei com gente que foi no Green Valley e no Devassa on Stage em Santa Catarina, no Transamérica Expo Center ou em Ribeirão Preto em São Paulo, no Arena Fonte Nova em Salvador – e a opinião foi sempre a mesma, que valeu cada centavo pago no ingresso pra vê-lo. Ou seja, se era playback ou não nos outros lugares, ninguém tem como comprovar, mas o seu sucesso, sim.

Apesar de tudo, me entristece um pouco saber que gente do gabarito dele cede a esse tipo de comodismo. Por se tratarem de apresentações relativamente curtas, falta certo nível de comprometimento com o público que compra suas produções, lota seus shows, ovaciona-o a cada palavra que pronuncia. Falta o frescor, a adrenalina de quem está no início, e busca, a cada apresentação, se superar positivamente. Falta “educar musicalmente” seu público, para que tenham nível crítico. Falta o “real significado” do trabalho (que tange desde a pessoas comuns, como eu e você) em que somos provados diariamente, e para evoluímos, é necessário nos superarmos – e que deveria se estender a qualquer um que não quer passar a vida toda na zona de conforto. Mas, trata-se de David Guetta, alguém que, começou a tocar adolescente, criou suas festas, sua residência em clubes que ele gerenciava, produziu remixes para a rainha do pop Madonna e vendeu 15 milhões de singles em todo o planeta.

Pode ser acomodado, pode ser um fantoche, mas sobretudo, é um nome que atualmente, dispensa apresentações. É “DAVID GUETTA”.