DJ Meme – O maior nome da House Music no Brasil

Nós batemos um papo com o maior nome da house music brasileira – Vem ver a entrevista com o genial DJ Meme.

Ele já criava suas festinhas aos 11 anos de idade no Rio de janeiro, tocou nas boates mais badaladas da zona sul e, ao mesmo tempo, nos bailes do subúrbio carioca. Criou programas de mixagens históricas nas grandes rádios, chamando a atenção das gravadoras, as quais o levou para criar os primeiros remixes do Brasil. No currículo são mais de 7 milhões de discos vendidos e trabalhos aclamados com Shakira, Mariah Carey, Des’ree, Gloria Estefan, Dido, Toni Braxton, Lulu Santos, Fernanda Abreu e muitos outros.

Ainda não está bom pra você? Então saiba que ele foi convidado por YOKO ONO em pessoa para remixar a histórica canção de John Lennon, “Give Peace a Chance”, e o resultado não foi menos do que o esperado: #1 na parada Hot Dance da Billboard Magazine. São mais de 150 remixes para diversos artistas, além de 23 Discos De Ouro, 15 Discos De Platina e 3 Discos Diamante. Além de todo sucesso, batalhado e merecido, Meme é de personalidade forte, sinceridade estonteante e um coração gigantesco.

Meme topou conversar com o PLUGtronic de imediato e aproveitamos esse momento histórico para fazer uma entrevista exclusiva. Nas palavras do próprio: “Nunca vi entrevista tão longa. Parece setlist” 😛

E com vocês: DJ Meme!

 

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Nem é preciso dizer que nós do PLUGtronic somos fãs incondicionais do seu trabalho e por tudo o que você representa para a música eletrônica nacional e internacional. É uma grande honra ter você por aqui e te ouvir de perto! Não quero te perguntar onde tudo começou e nem quem são suas influências, mas quero muito saber do que você sente saudade lá do seu começo com a música eletrônica no Brasil?
Ao contrário do normal, não sou pessoa que sente saudades de algum período da vida. Sentiria talvez se o momento presente não fosse bom ou suficiente. O que me vem a cabeça quando penso em passado são boas e confortantes lembranças de certas situações e pessoas, mas nunca trocaria meu presente pelo passado. Não faz sentido pra mim.

O que foi que te fez seguir até aqui?
Ter dado certo é a melhor razão e resposta. A música tem me recompensado bastante através dos anos, então não há porque seguir outro caminho.

E o que você não sente falta alguma?
Do peso de carregar cases de vinil, e da possibilidade que havia de extraviá-los em vôos, como acontecia várias vezes. Hoje sou muito mais feliz.

E o que você acha do atual momento que vive a cena eletrônica no Brasil?
A única coisa que me chama a atenção negativamente nesse momento, é ver que 90% do país está seguindo a mesma receita, e eu acho inadmissível isso num país tão grande e com tanta diversidade.

Sobre a cena internacional, o que tem a nos dizer?
O oposto. Tem de tudo e para todos.

Você já pode divulgar pra gente por onde você vai passar em 2017?
Não acho relevante a essa altura da minha carreira explanar que fui ali e aqui, mas para responder a você, estou seguindo para a Europa por 3 meses consecutivos, onde finco base na Itália e dali fico indo e voltando para vários lugares.

Se você pudesse comparar as pistas — gigs — festivais do mundo por onde passou: Cite 3 que foram inesquecíveis?
Coreia, Itália e Indonésia. Essa galera sabe se divertir.

Seu Workshop de Produção de Música Eletrônica foi o grande case de sucesso de 2016. Foram quantos no total?
O que te motivou a fazê-lo acontecer?

Eu senti que havia uma expectativa grande dos novos produtores em busca de aprendizado. Muita gente nova querendo saber como se faz isso e aquilo, e achei que eu poderia ajudar essas pessoas a desmistificarem certos tabus que as vezes impedem você de crescer. Foi o que aconteceu. TODOS saiam do evento flutuando e felizes, e o melhor: Inspirados e sentindo-se mais potentes do que quando chegaram ali.

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Meme, Antonio Eudi e Tuta Aquino

Foram feitos 3 até hoje. Eu faria mais, porem comecei o trabalho no inicio da nossa grande crise brasileira, e o custo do Workshop é alto para viajar. Dei uma pausa e volto depois.

A plateia fica impressionada com a interação e fácil acesso aos instrutores durante o Workshop, além da simplicidade e praticidade com que diversos assuntos são tratados. Você sente essa energia quando está lá passando o conteúdo? O que mais te impressionou?
Essa energia é praticamente viciante. O evento tem cerca de 7 horas em média, e desde o inicio a troca que há com os participantes é gigantesca. A energia vai crescendo a cada tópico. As pessoas sentem-se parte daquilo e ficam super à vontade para expor seus problemas e dúvidas. Eu normalmente termino o evento emocionado. É inexplicável. Só indo para entender.



Esse ano você lançou um novo grande projeto: “House Music Brazilian Producers” apresentando ao mundo, muito produtor bom de House Music. Conta como aconteceu e até onde você quer levá-lo?

Não foi um “projeto”. Não houve planejamento. Foi mais um “grito” de revolta em ver o país todo dizendo “agora sou Techno” e deixando tudo o que havia em volta de lado. Eu tinha certeza de que haveriam produtores de House em algum lugar, e não deu outra. Foi como descobrir uma mina de ouro.

Eu precisava fazer isso para levantar a bandeira do gênero musical que represento, pois uma andorinha só não faz verão. Coincidência ou não, a palavra HOUSE está voltando à boca das pessoas. O negócio é pensar na frente.
www.facebook.com/Housemusicbrazilianproducers


Você acha que a produção de música eletrônica nacional ainda está muito longe da gringa ou estamos chegando lá?

Há artistas que estão se dando muito bem lá fora por causa do som que produzem como os recentes Victor Ruiz, Wehbba e Anna, e os já estabelecidos Gui Boratto, Marky, Noise e até eu mesmo, mas é bom observar que mesmo sendo gêneros diferentes, todos tem uma única coisa em comum: Nenhum deles segue receita de ninguém.

São 100% originais. Nenhum artista que se deu bem lá fora com sua música, aconteceu porque copiou o som de alguém. Para os que tentam isso e ainda não perceberam, sugiro repensar o método.

A pergunta que eu sempre quis fazer: O que é Frankie Knucles para você? Como foi que você o conheceu? Como era essa relação entre vocês?

Eu o conheci como fã mesmo. Todas as vezes em que eu ia a NY, eu reservava uma noite para ir vê-lo tocar, e uma noite em 1992, ao final de seu set, consegui entrar na cabine do SOUND FACTORY BAR e apresentar-me a ele. Fui agraciado com uma fita com a noite inteira gravada. Dali pra frente sempre o visitava, e as vezes o encontrava pelo mundo em gigs onde ele tocava. Eu o fazia lembrar de mim, até que um dia levei para ele como presente um acetato com um remix que eu havia feito da DES’REE da música LIVIN’ IN THE CITY. Era apenas algo para mostrar a ele que de alguma forma éramos do mesmo universo, mas… no meio da noite, eu que estava dentro da cabine, o vi pegar o acetato, botar no toca-discos, ouvir pelo headphone e olhar pra mim dizendo : “—Very good”, e logo em seguida o vi acertando o pitch. Não acreditei. Achei que ele estava apenas testando no phone… mas de repente, ele entrou mixando a track. Quase caí pra trás. Nesse dia, percebi que ele me olhou diferente e o papo mudou.

Como todos devem saber, o tempo passou, a amizade virou real, e um dia em Ibiza, sentados no bar do restaurante do hotel OCEAN DRIVE onde estávamos, contei a ele que eu estava tendo problemas com minha manager inglesa.

Neste momento ouvi dele que eu deveria fazer parte da DEF MIX, pois eu era um deles.
Aquilo parecia impossível, já que a DEF MIX havia tido apenas 6 DJs em todo o seu tempo de existência. Entrar para a agência DEF MIX era algo para uma outra vida… mas não. Ele convenceu a todos na agência que eu deveria entrar e foi votação unânime. Ali eu estava realizando um sonho que eu nunca ousei ter. Até ali era apenas fantasia.

Frankie era o cara mais especial que conheci. Era uma espécie de irmão mais velho. Sabia o que dizer na hora certa e normalmente nunca estava errado. Um Buda. Ao mesmo tempo, era irônico e bem humorado. Com ele aprendi a sorrir mais e a dar atenção a todos, porque vc nunca sabe o que aquela pessoa passou para conseguir chegar perto de você. Procurei imitá-lo e acho que acabei herdando um pouco de seu temperamento.

É óbvio que queremos saber dessa noite no próximo dia 20/05 na Laroc: Dj Meme 5 horas + Erick Morillo 5 horas! Como isso aconteceu? O que podemos esperar?
A ideia nasceu numa mesa no RMC 2017, onde estava o Mario Sergio Albuquerque, sócio do Laroc, e o Didio Mendes, manager brasileiro do Erick, entre outras figuras como Octavio Fagundes da Privilege. Não me lembro quem disse: “SERIA FODA SE O MEME TOCASSE NO LINE SOZINHO COM O ERICK MORILLO, 5hs CADA UM”. Pronto. Todos olharam pra mim, e eu disse: EU TOPO. Mário selou o convite.

Ainda te dá frio na barriga antes de uma gig dessa?
Lógico. Qualquer DJ tem frio na barriga em gigs bacanas assim, mas na hora H, passa. A adrenalina bate forte.

E seu novo álbum? Já pode contar pra gente ou é surpresa? Quando podemos esperar o lançamento?
É um álbum que eu sempre quis fazer, mas não achava tempo. Não há eletrônica e nem é feito para lançamento no Brasil. É feito somente com música brasileira na estética sonora dos anos 60 e 70, do ponto de vista dos arranjos e mixagem. Há musicas novas e antigas, mas todas na mesma onda sonora. É um disco que remete ao início da minha educação musical baseada nos discos que meus pais ouviam em casa, e na minha posterior passagem à escolha do que eu iria ouvir. Haverá somente Jazz, Bossa nova, Boogie e Disco, e a participação de alguns dos personagens originais dessa época, como Marcos Valle, Azymuth e Jimmie Williams, um dos baixistas da Philadelphia que tocou em centenas de músicas da era Disco (AIN’T NO STOPPIN’ US NOW, LET NO MAN PUT ASUNDER, etc), e que formataram o meu gosto pessoal. Além disso tudo, é também uma volta ao trabalho com músicos e bandas, que eu havia deixado de lado por conta da crise na industria fonográfica que não tinha mais grana para bancar produção de discos caros, mas que me dava muito prazer.

Antes de terminarmos: The House Music is back ou nunca nos deixou?
Se você pergunta sempre respondendo… o que você acha? 😉


Nós te agradecemos com a mais pura e honesta emoção. Obrigado por sua sinceridade! Obrigado por tudo o que você fez, faz e fará pela música!

 

No player abaixo, duas horas (parte) do set que ele apresentou no Laroc, dia 20 de Maio

 

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