Show da Poderosa bem na sua cara! A ascensão da nossa cantora “tipo exportação” e suas parcerias com foco em música eletrônica.
Com o advento da internet e mais especificamente dos “influenciadores digitais”, temos visto surgir uma onda de “representatividade” no que se refere ao público quando visto como consumidores de uma ideia ou ideal.
Anitta, ou mais especificamente, Larissa, verdadeira dona da Anitta, personagem criada por ela, é uma menina como qualquer outra, porém com alguns predicados que a colocam numa brecha que o mundo do entretenimento cria e recria quando o observamos como um espaço em que pessoas ascendem e somem a depender dos esforços que façam para se manter dentro deste mercado.
Tal como um produto que precisa se reinventar a cada geração, Anitta foi inventada para uma geração específica: libertários donos dos seus corpos e destinos.
Larissa é dona de um produto mercadológico: uma garota sensual, que assume suas doideiras, com história de superação, origem humilde, bonita, mesmo sem ter grande potência vocal ou grande extensão de alcance de notas que poderia colocá-la entre as “excelências”, mas não, é apenas boa como cantora, assim como Shakira, Madonna e Britney Spears.
Larissa colocou Anitta no cenário internacional ao se aliar a produtores e outros membros do “mercado do entretenimento”.
— Estudei muito o mercado latino. Sabia que era questão de tempo para as músicas em espanhol ficaram muito grandes no mundo. O público brasileiro não era acostumado a ouvir música em espanhol e meu desafio era fazer o público brasileiro gostar de ouvir música em espanhol. Sim ou Não, com participação de Maluma, foi muito difícil de conseguir fazer entrar nas rádios.
(entrevista em 31/05 – lançamento do single “Paradinha”)
Anitta é o retrato exato do mercado do entretenimento: jovem, bonita, desenvolta, rebelde, rebolativa, sensual e uma “lolita” de verdade; latina, meio ninfa-ninfeta-ninfomaníaca.
Brasileiros tem o costume de só consumirem aquilo que é chancelado pelo mercado dos EUA, desconhecendo o crescimento dos ritmos e do mercado latino em geral.
Funk brasileiro é o Reggaeton latino, cuja cultura é alvo de tentativas de proibição por parte do Estado brasileiro.
“Quadradinho” brasileiro é o Twerk dançado nas boates de stripper dos EUA, dança essa oriunda dos guetos afro, religando novamente o Funk, Twerk e Reggaeton com suas raízes negras, também marginais por crescerem à margem do mercado principal.
Hoje há um proposta no Congresso Nacional para se criminalizar o funk como ritmo e cultura, tal como tentaram fazer com o Samba.
Qual a treta dessa gente com as coisas que surgem nos morros e vielas?!
Ora vejam só, um ritmo se tornar crime?! Isso aconteceu com o samba, para os que não sabem da história. No início dos anos 1900, sambista era preso por “vadiagem”; violões eram confiscados, cantores e partideiros eram presos num misto de preconceito racial e ignorância cultural, já que essas manifestações culturais tem origem nas “rodas de santo”, principalmente do demonizado orixá Exu.
Samba, Funk, Twerk e Reggaeton, por seu viés sexual, sensual, estimulante, encontram nas batidas, “toques” básicos desta divindade africana cujo culto é totalmente orientado pelo ritmo de tambores e dinâmica musical, e por brincar com o universo da sexualidade se torna um produto de consumo quase que obrigatório já que todos nos deixamos estar a bel prazer dos prazeres.
O que a Larrisa faz com a Anitta foi aproveitar a brecha de Ariana Grande, Selena Gomez e J.Lo, sem falar de Shakira, como autêntico produto musical latino e original.
Show da Poderosa bem na sua cara!
Anitta é tipo exportação e será mundialmente “consumida” se souber surfar na onda dos desejos do seu público, entender o barulho que se faz ao seu redor e responder ao que mereça ser respondido em forma de novas produções, provocações ou seja lá o que o Mercado inventar para sí.
O avanço de Anitta vem de tempos em que muita gente ainda zoava o funk e fazia caras e bocas quando tocava Tati Quebra-Barraco, Valesca Popozuda e as mulheres-fruta.
Logo ao final dos Jogos Olímpicos Rio-2016, Anitta entrou para a agência WME, a mesma que cuida da carreira de Adele, Alok, Rihanna e Iggy Azalea, de onde pode ter vindo o convite para sua primeira “pisada” gringa, tudo com apoio pesado da Warner, sua gravadora, evidentemente.
Ela é a própria fábrica do Willie Wonka das notícias: o mundo tomou conhecimento da “Anira” quando buscaram descobrir quem era a morena ao lado do rapper Tyga, virou trendtopic do canal pago E!, alimentou rumores com o piloto de Fórmula 1, Louis Hamilton e já tem parcerias gravadas com Wiz Khalifa em “You Wavered”, J. Balvin (Ginza), Maluma (Sim ou Não/Si o No), Iggy Azalea (Switch), Major Lazer e DJ Diplo em sua mais recente parceria com Pabblo Vittar (Sua Cara) que até merece um artigo à parte já que além de cantar muito bem, quebra esteriótipos, rompe barreiras e se tornou a drag queen com perfil mais seguido no Instagram desbancando até mesmo as RuPaul’etes; aliás, sobre essa última parceria: o trio de produtores musicais que forma o Major Lazer – Diplo, Jillionaire e Walshy Fire – já criou sucessos para Justin Bieber, Bruno Mars, Nicki Minaj e Ariana Grande.
E falando nisso ainda tem a parceria com o Alok – Achkar Peres Petrillo – DJ e produtor musical brasileiro de música eletrônica. Seus pais foram os percursores do psy trance no país, criando um dos festivais mais famosos do país, Universo Paralelo, tá?! Além de ter sido eleito melhor DJ do Brasil em 2015, se tornando referência mundial.
Quer mais?
Anitta já desbancou Shakira e Rihanna no Instagram e é a única brasileira listada entre os 30 artistas da música mais influentes do mundo com perfil na mesma rede social – Além do Alok, está confirmado a participação da cantora em um trabalho junto com Alesso e Poo Bear.
“O que será do amanhã, responda quem souber”
Todo mercado de consumo é autogerido por um ciclo de necessidades e desejos que são criados por quem está no comando: gravadoras, produtores, mídia de massa, etc.
O desafio de Anitta/Larissa será entrar nessas salas e corredores e dizer que a Lolita que eles queriam é ela, Anitta! Aí, meu bem… segura, que o choro do recalque será “grande” e “sereno”.
Afinal: Jimmy Fallon (Tonight Show) que é tipo um Faustão diário (noturno, ok), Iggy Azalea, Tyga, DJ Yuri Martins, Pabblo Vittar, Maluma, LelePons, Louis Hamilton, Stéfano Gabanna, Jeremy Scott são alguns dos nomes que orbitam essa protoestrela, para recorrer ao campo ciêntifico, e que com o passar dos tempos deverá se cercar de outras pessoas ainda mais influentes.
Dizem por aí que 5% do que somos é resultado de todas as pessoas com as quais convivemos. Anitta é um produto bruto, versátil, representativo, maleável… é o “devir” de uma estrela, a primeira grande estrela depois de Carmem Miranda, nossa primeira e única grande estrela do entretenimento no Universo internacional.