Entrevista exclusiva com a Dj Mary Mesk: “voz a igualdade de gênero”

Artista multifacetada, Mary conta sobre sua jornada, a criação de sua label, os percalços que as mulheres passam numa cena dominada por homens, como se mantem ativa a seus propósitos e ideais.

No universo da música eletrônica, a presença feminina tem sido historicamente sub representada. No entanto, figuras como a DJ e produtora brasileira Mary Mesk estão desafiando essa norma, não apenas através de sua música, mas também através de seu ativismo pela igualdade de gênero. Para entender por que o feminismo é tão vital na conquista de mais espaço para as mulheres na indústria da música eletrônica, é importante compreender os conceitos fundamentais por trás dessa luta.

Feminismo: Uma Luta por Igualdade e Reconhecimento

O feminismo é, em essência, um movimento social e político que busca a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Essa luta se estende a todos os aspectos da sociedade, incluindo o mercado de trabalho, onde as mulheres frequentemente enfrentam discriminação e desigualdade de oportunidades. No contexto da música eletrônica, o feminismo é essencial para desafiar a cultura machista que permeia a indústria, criando um ambiente mais inclusivo e diversificado para artistas de todos os gêneros.

Mary Mesk conta com uma carreira na cena extensa, em que inclui produções em diversas vertentes do eletrônico, uma label sob sua tutela, performa nos palco em apresentações enérgicas, vibrantes, que são sua essência forte. Confirmada para o Tomorrowland Brasil, atração surpresa no próximo PikNic São Paulo, ela topou conversar conosco sobre sua jornada, carreira, porque é tão emblemática e sobre a visão de sua label, a Mesk Records:

1 – Como você vê o papel das mulheres na cena da música eletrônica hoje em dia, e quais são os desafios mais significativos que você enfrentou como uma DJ e produtora neste segmento?

Vejo o papel das mulheres na cena da música eletrônica como fundamental e em constante evolução. A cada dia, mais mulheres estão ocupando espaços e mostrando seu talento neste segmento, o que é incrível de se ver. No entanto, os desafios ainda são significativos especialmente em um mercado dominado por homens. Como DJ e produtora, enfrentei diversos obstáculos ao longo da minha carreira, desde o enfrentamento de preconceitos até a busca por reconhecimento em um ambiente muitas vezes desigual. No entanto, acredito que cada desafio que enfrentamos nos torna mais fortes e determinadas a alcançar nossos objetivos.

2 – Em um mercado dominado por homens, como você trabalha para fortalecer sua identidade musical e apoiar novos talentos femininos através do seu selo, Mesk Records?

Trabalhar nesse cenário e solidificar uma identidade já não é uma tarefa simples, mas é uma missão que eu levo muito a sério. A Mesk Records é um projeto que está passando por alguns ajustes internos, mas veio para dar espaço e voz à igualdade de gênero no mercado.

A Importância de “Dar Voz à Igualdade de Gênero”

Quando Mary Mesk fala sobre “dar voz à igualdade de gênero” em sua entrevista, ela destaca a necessidade de amplificar as vozes das mulheres na indústria da música eletrônica. Isso vai além de simplesmente dar oportunidades; trata-se de reconhecer e valorizar o talento feminino em pé de igualdade com o masculino. Ao promover a igualdade de gênero, não estamos apenas corrigindo uma injustiça histórica, mas também enriquecendo a cena musical com diversidade. Artistas como ela fazem avanços significativos, não apenas através de sua música, mas também através de iniciativas como selos musicais voltados para promover talentos femininos. Ao fortalecer sua identidade musical e apoiar novos talentos, essas mulheres constroem uma comunidade mais inclusiva e diversificada na música eletrônica.

3 – Pode nos contar um pouco sobre o processo criativo por trás da produção de uma música autoral? Como você colabora com outros artistas e quais são os elementos essenciais para criar uma faixa única e envolvente?

O processo criativo por trás da produção de uma música autoral é uma jornada única e emocionante. Geralmente começo com uma ideia ou inspiração, seja um riff de guitarra, uma melodia vocal ou um simples groove de bateria. Para colaboração com outros artistas, eu compartilho ideias e exploro diferentes sonoridades e técnicas de produção. Os elementos essenciais para criar uma faixa única e envolvente incluem uma forte progressão melódica, uma batida cativante e uma mistura cuidadosa de instrumentação e texturas sonoras.

4 – Além da música eletrônica, quais outras áreas de conhecimento ou formas de arte inspiram sua criatividade? Como essas influências se refletem em sua música e em sua persona artística?

Eu me formei em artes cênicas, e atuei um bom tempo no teatro, é claro que toda essa experiência impacta diretamente na minha formação como artista. Além disso, me inspiro em diversas outras áreas, tais como arte, que pelas suas formas expandem a imaginação e a moda, pois acredito que seja um segmento muito similar ao da música pela sua constante e rápida evolução. Essas influências se refletem em minha música e em minha persona artística, adicionando profundidade e textura ao meu trabalho.

5 – Festivais como o Burning Man têm sido parte integrante da cultura da música eletrônica. Poderia compartilhar conosco sua experiência, especialmente no Burning Man de 2023, quando uma chuva inesperada trouxe desafios adicionais?

Para mim, o Burning Man é o lugar que reúne as mentes mais criativas do planeta, a cada ano me deparo com coisas novas jamais pensadas, é tudo inusitado. Viver numa comunidade, onde cada um tem seu destaque e responsabilidade é incrível. Além disso, a interação musical vivida em meio à natureza é inexplicável. Por outro lado, o Burning Man de 2023 foi especialmente marcante. Passamos por dias desafiadores onde tivemos que racionar água e comida, ficamos sem energia. No entanto, essa adversidade apenas fortaleceu nosso espírito de comunidade e solidariedade, criando momentos inesquecíveis de conexão e celebração.

6 – Quais locais e festivais foram essenciais para moldar sua identidade artística e visual ao longo de sua carreira?

Festivais como ADE, DGTL, Burning Man, Ibiza, Ultra Music Festival, Tomorrowland, Universo Paralello, Ame, Laroc, foram essenciais para moldar minha identidade artística e visual ao longo de minha carreira. Cada um desses lugares contribuiu com a minha Cultura Musical, onde vivi momentos realmente significativos.

7 – Compartilhe conosco um pouco sobre sua visão para os próximos meses. Quais locais ou eventos você está especialmente animada para se apresentar de forma inédita?

Nos próximos meses, estou especialmente animada para me apresentar em novos locais, como festivais na Europa e uma temporada de verão em Ibiza. Estou ansiosa para compartilhar minha música com novos públicos e experimentar novas experiências culturais e musicais.

8- Ibiza é um dos epicentros da música electronica, além de ser um lugar mágico. Como é sua relação junto à ilha? Podemos te esperar nessa temporada?

Eu pretendo ir em breve para Ibiza e com mais novidades, é um lugar que eu amo e tem uma vibe surreal para os amantes da música eletrônica.

9 – Ao olhar para o futuro, quais são seus objetivos e aspirações como artista (seja no âmbito musical ou em outras áreas)? Como você espera continuar a impactar e inspirar a cena da música eletrônica globalmente?

Eu continuarei com dedicação total para aprimorar meus conhecimentos e habilidades. Quero continuar a criar música que ressoe com as pessoas e transmita mensagens poderosas e significativas. Além disso, espero continuar a promover a igualdade de gênero na indústria da música e apoiar outros talentos femininos em sua jornada criativa.

Um Compromisso Contínuo com a Igualdade de Gênero

A luta pelo feminismo na música eletrônica é uma jornada contínua, mas figuras como Mary Mesk estão liderando o caminho para um futuro mais igualitário e diversificado. Ao reconhecer a importância de “dar voz à igualdade de gênero“, estamos não apenas promovendo a justiça social, mas também enriquecendo a indústria da música com uma variedade de talentos e perspectivas. Ao apoiar artistas femininas e outras minorias, estamos contribuindo para um ambiente mais inclusivo e vibrante na música eletrônica e na sociedade em geral.

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