Armin não é o melhor do mundo (segundo o voto popular pela conhecida publicação britânica DJ Magazine), porém, em sua mais recente passagem pelo Brasil, em que trouxe a turnê “Armin Only Intense”, demonstrou que não precisa se enquadrar a rótulos – exatamente porque seu show está infinitamente a frente de qualquer tipo de produção em termos de performance individual no cenário eletrônico. O holandês demonstrou na pratica, e por seis horas consecutivas, porquê é único, e porque seu show é uma experiência intensa, realmente inesquecível.
O show, que havia sido anunciado desde meados de março no Brasil, faz jus a todos os clipes veiculados online, e foi, muito além do que pode ser descrito em palavras. Com uma tenda montada para até quinze mil pessoas, a abertura do show, programada para acontecer á meia noite da noite de sexta para sábado, aconteceu pontualmente.
A abertura do show, em que uma bola desce do alto da tenda, encobrindo Armin por aproximadamente uma hora, pode até parecer um pouco cansativa para os mais eufóricos, que aglomeram-se na frente do palco. Porém, isso serve não para esfriar o publico (a uma temperatura que beirava os 14 graus na arena Anhembi). “All of me”, de “John Legend”, toca e em coro, as pessoas gritam, e faz com que a música seja ensurdecedora. A uma da manhã, a estrela do show surge radiante, atrás da bola, que, com mãos gigantescas projetadas no telão, volta novamente ao teto.
Alias, comentar a respeito da cenografia, das projeções, do telões, dos efeitos é falar de gente que figura entre os melhores do planeta, sem a menor sombra de dúvida. Como descrever a nitidez de tudo que aparece nos telões? As pessoas se perguntam se o que está a nossa frente é em 3 dimensões, tamanha a qualidade de tudo que se assiste.
Sejam as lâmpadas que piscam, o imenso coração que simplesmente “nasce” perante aos nossos olhos (e que pulsa em perfeita sincronia com a música), seu nome, as engrenagens, as imagens num cenário que hora aparente ser deserto, hora parecem montanhas iluminadas pela lua… A imensidão de setas que ao fim, convergem a Armin, que abre seus braços em frente á galera… E tudo isso não é nem metade de tudo que vimos ao longo de sua apresentação. Seu time, conta além de seu talento, o suporte de profissionais que fazem com que o show torne-se brilhante em sua totalidade: violinista, baterista, pianistas, cantoras, acrobatas… Até seu irmão integra a trupe, tocando violão. Dessa vez vou evitar maiores detalhes, porque as recordações do show foram tão incríveis, que, se estender muito, parece até algo meloso.
Cito apenas a parte final, em que, após o holandês já ter desfilado com a bandeira do Brasil, já ter feito coreografia com a plateia, interagido, feito seu clássico coraçãozinho com as mãos, e se despedir de todo mundo, eis que uma ilha surge no meio da pista – e ele toca por mais uma hora consecutiva, com vinil – sim, da forma como ele começou, v-i-n-i-l-.
Moral da história? Quem já foi considerado por cinco vezes o melhor do mundo, sendo quatro consecutivas; quem tem o “A State of Trance” (considerado um dos programas de rádio mais ouvidos do planeta) sob sua tutela; quem aos 37 anos não limita-se a definir seu estilo a algo monopolizado não precisa ser rotulado. O salto que ele deu de sua ultima vinda a Sampa com o ASOT #600 para a Armin Only Intense definitivamente consagra-o como um showman que faz o que personalidades e festivais ao redor do planeta dificilmente conseguirão realizar. E que fez um espetáculo que, dificilmente, sairá da cabeça de quem, assim como eu, sentiu-se privilegiado de poder estar lá.
Os créditos das imagens são de Gui Urban.