No dia 21 de fevereiro, desembarcou em São Paulo Hardwell, holandês considerado o melhor do planeta segundo a revista DJ Mag inglesa. Sua turnê, denominada “I am Hardwell”, foi realizada no Espaço das Américas, no bairro da Barra Funda. Veja como foi a passagem do número 1 do mundo por aqui.
No dia 21 de fevereiro, desembarcou em São Paulo Hardwell, holandês considerado o melhor do planeta segundo a revista DJ Mag inglesa. Sua turnê, denominada “I am Hardwell”, foi realizada no Espaço das Américas, no bairro da Barra Funda.
Com tantas opções de locações na capital paulistana, a escolha do local veio alinhada ao protagonista do show e a tudo que está atrelado a ele. Para iniciar esta matéria vale lembrar que, a aproximadamente um ano atrás eu começava minha trajetória aqui no PLUGtronic, cobrindo um show no mesmo lugar – o “A State of Trance #600” de Armin Van Buuren. Também holandês, e ocupante do primeiro lugar da DJ Mag na época, Armin tinha realizado o melhor show que eu tinha visto indoor. Então um ano se passou, Hardwell ocupou sua posição, e minha opinião mudou.
A turnê “I am Hardwell” não teve esse nome escolhido aleatoriamente (foi criado até um documentário com bastidores) e após o fim da performance, quando a gente repensa tudo o que viu, chega a conclusão de que uma simples frase resume tudo. Hardwell não é um simples DJ. Carrega o peso de ser o melhor do globo, faz com que seu show seja o melhor espetáculo, encenado na melhor casa, com a melhor cenografia possível, e qualidade em tudo que está sob sua esfera.
O anuncio que sua turnê passaria em São Paulo veio pouco após o recebimento do seu titulo, em novembro de 2013, e duas semanas antes da apresentação os ingressos haviam se esgotado. Confesso que tive um certo pé atrás quanto a esta apresentação em São Paulo pois, quando o vi ao vivo em novembro de 2013 como headliner da Xxxperience Festival em Itu, o achei sim bom, uma pessoa que incontestavelmente tem uma estrela que brilha bastante, mas não achei uma explicação real para ele ser o melhor do planeta. Até que eu cheguei no Espaço das Américas, e tomei um tapa com luva de pelica.
Hardwell é o tipo do artista que não aparenta ser deslumbrado, apesar de ter consciência que é uma celebridade, e durante a coletiva de imprensa realizada antes de sua apresentação ao vivo (afinal, já constatamos que pen drive é problema!) foi extremamente solicito com os jornalistas em suas perguntas, com bom humor, profissionalismo e conhecimento. O DJ mostrou que, apesar de ser jovem (com apenas 26 anos de idade) foi lapidado de uma forma a dar exemplo ao mercado. Questionado sobre o que conhece a respeito dos produtores e do mercado de musica eletrônica do Brasil falou pouco, disse que sempre busca inspirações, afinal todo artista precisa renovar-se, e citou FTampa, produtor e Dj brazuca, que gosta muito de suas produções (aliás, tocou “Kick it Hard” do produtor brasileiro tanto na Tomorrowland 2013 quanto em seu podcast Hardwell on Air Episote 127). Advindo do cenário trance, disse também que, mesmo não sendo novidade para ninguém, o também holandês Tiesto foi e continua sendo seu grande ídolo, e para ele é um grande prazer poder mais do que ter um ídolo, trabalhar diretamente com ele (vale lembrar que eles fizeram em parceria a música “Zero 76”, que agitou as pistas e o vídeo no youtube obteve mais de 13 milhões de visualizações). A Green Valley é citada por ele como um dos melhores clubs que já passou, já que ele adora o local, e que o Brasil vem crescendo muito no segmento eletrônico, pois hoje já consegue realizar grandes eventos de forma organizada, e que não deixam a desejar a qualquer outro lugar do mundo. Hardwell quando indagado a respeito de sua mudança na performance no decorrer dos anos é objetivo quando diz que seu foco quando está no palco é primeiro focado em seu desempenho, que é agradar exclusivamente quem está lhe ouvindo na pista, e em um segundo momento, passa a ser a música. O ponto central dele é a ação performática, e secundariamente a música. Quando se refere a isso, também fala que, não é que a musica não seja um fator preponderante ou seja menos importante, porém ele não é um artista que faz música para rádios, e sim para as pistas, e está bem habituado a tocar por três ou quatro horas seguidas. Seu principal diferencial é esse, porque se acostumou a tocar para a multidão que lota seus shows, sejam em apresentações próprias ou em grandes festivais pelo mundo. Também, convergente ao assunto está a evolução de seu trabalho e produções, pois “Spaceman” e “Apollo” são musicas criadas na mesma época, porém totalmente diferentes.
E se os fãs brasileiros são diferentes do resto do planeta? O holandês diz que sim, claro, afinal na Europa, gente como David Guetta, Avicii, estão lá o tempo todo, não são novidade como são por aqui – e isso resulta com certeza em mais animação, mais fervor do publico. Com relação aos seus planos futuros, fala que quer se manter no topo, pois sabe que só chegou lá devido ao apoio e a dedicação de seus fãs e seguidores, e vai continuar fazendo seu trabalho da melhor maneira possível, pois é uma pessoa abençoada por poder trabalhar com aquilo que ama. Também comenta sobre a “Revealed Recordings”, selo em que é proprietário, e que sua maior preocupação é em achar música boa, e não grandes nomes, ou um novo “Hardwell” por exemplo; e assim como ele todo mundo pode ser um bom DJ, basta se dedicar e ser plenamente focado em seu trabalho, treinar e tocar sempre, porém para chegar ao topo, é essencialmente necessário produzir e ser fiel ao seu estilo. Calvin Harris, por exemplo, que é um artista pop no cenário eletronico, em que suas músicas tocam nas radio de todo o mundo, no que vai no sentido oposto ao de Hardwell, e apesar de jovem, soube se posicionar quanto a isso, nessa outra vertente tem tido sucesso. E a clássica pergunta sobre a Holanda ser o celeiro dos melhores DJ’s do mundo (só pra relembrar Hardwell, Tiesto, Armin Van Buuren, Afrojack, Chuckie, Dash Berlin, Ferry Corsten, Laidback Luke, Fedde Le Grand, e Sander van Doorn são holandeses) é claro que o segredo é… a água (risos)! Brincadeiras a parte, ele fala que a música eletrônica é tocada a mais de vinte anos lá não sendo algo relativamente novo como é por aqui. Por estar muito mais presente na vida da população, é normal que haja mais interesse , e em consequência disso, mais produtores; é algo que está no sangue dos holandeses. E dá pra acreditar que existe algum canto do mundo que Hardwell não tocou? Sim, ele comenta que nesse ano além de não conhecer o Carnaval de Salvador porque não combinou nada (risos – mas quando for convidado com certeza irá), tem vontade de tocar no Japão, local onde ainda não apresentou-se.
Finda-se a entrevista e inicia-se o show. O encarregado de iniciar os trabalhos é o também holandês Dannic, de 27 anos, que também está sob o selo “Revealed Recordings” de Hardwell, assume as pick-ups por volta das 11:45 da noite. A casa, que está parcialmente lotada, já demonstra claramente a empolgação (e isso com uma fila de dobrar quarteirão do lado de fora). A abertura você confere abaixo:
Próximo ás duas horas da manhã, a estrela da noite entra em cena, e mostra “Quem é Hardwell”. De forma plenamente alinhada ao seu discurso, não deixa a peteca cair em momento algum. Mesmo quando toca as “musicas de radio”, apresenta em versões completamente diferentes das que estamos acostumados a escutar. O Espaço das Américas, operando em sua capacidade máxima, vai a loucura com “Apollo” e mesmo com um ar condicionado potente, a sensação térmica é de “Rio 40 graus”!
Além de sua simpatia, o espetáculo visual conjuntamente ás musicas que ele toca é deslumbrante, projetado em painéis de led que formam uma espécie de labirinto quadrilátero ao redor da pick up. Hardwell interage com a plateia, faz coreografia, sobe na pick up, e dessa vez, apesar de não usar uma camiseta do Brasil como em sua apresentação na Xxxperience, porta uma bandeira brasileira que emociona a todos. Toca versões inusitadas e surpreendentes de musicas que a pista canta muito, num set linear que conta remixes bem diferentes de Everyday de Eric Prydz, Love Comes Again de Tiesto, Lose Myself, Lose My Mind e Years de Alesso, Lift Off de W&W, Wrecking Ball na versão de Chuckie, Monster com os vocais de Rihanna, Reload de Sebastian Ingrosso , Clarity de Zeed, Sweet Nothing nos vocais de Florence Welch e até o hino Save the World do extinto trio Swedish House Mafia, além de suas produções próprias, como é obrigatório, os hits Spaceman e Dare You.
Basicamente nas 3 horas de apresentação a sensação é indescritível, e passa a ser plenamente compreensível porque ele ocupa o posto que no ano passado era de Armin. Apesar de terem estilos distintos, e cada um ser excelente no que faz, acredito que diferenciar os dois é bem simples, é algo como se Armin representasse o publico europeu, que é racional, e Hardwell os brasileiros, que são pura emoção. Ele mostra que não é apenas um jovem bem assessorado (que estava no momento certo fazendo a coisa certa), mas sim um profissional que soube aproveitar as oportunidades que a vida lhe mostrou; desde o inicio sob manter-se sob uma linha de raciocínio progressiva e continua; esteve atento ás mudanças que o mercado apresentou, e principalmente, soube utilizar com maestria as redes sociais para cada vez mais aumentar sua legião de seguidores, fortalecer sua marca, expandir seus horizontes, e realizar novos investimentos, e conquistar o posto de “melhor DJ do planeta”.
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