Um dos DJs de maior destaque na cena brasileira, Allison Nunes é um nome que exporta seu talento mundo afora – Ele já colocou diversas pistas para dançar em países como Colômbia, México, Costa Rica, Equador, Panamá, Chile, Argentina, Espanha, França, Inglaterra e Estados Unidos. Residente dos principais selos de festas no país, Allison é figura carimbada nas mais importantes festas e festivais por aqui: Joy Party, Jungle Party, R:Evolution, The Original Brazilian Pool Party, Hell & Heaven, entre outros.
Após uma temporada nos Estados Unidos, o DJ e produtor está de malas prontas para retornar ao Brasil, Allison Nunes bateu um papo exclusivo com o PLUGtronic.com. Falamos sobre carreira, música, o cenário da música eletrônica e temas que fazem parte da vida de todo DJ.
Qual foi o maior desafio que você encontrou como DJ durante o período pandêmico: Me manter ativo em relação a música. Confesso que fiquei sem perspectiva, sem criatividade, eu não tinha equipamento em casa pra fazer live. Nossa casa fica no campo, afastado de tudo, a cidade mais próxima tem 5.000 habitantes. Fora isso, o lado financeiro foi bem complicado também. Minha maior preocupação era manter minha esposa e família a salvo, a música ficou em segundo plano.
Quais foram as estratégias que você buscou para amenizar este cenário? Meditação, oração e muito diálogo com Lina (esposa) e meus pais. Buscamos outras alternativas e graças a Deus deu certo, conseguimos uma fonte paralela de renda. A criatividade foi voltando aos poucos, e até renderam algumas collabs bacanas.
Você tem atuado bastante em diversos países, conte um pouco dessas últimas experiências internacionais. Tocar fora é sempre um grande desafio. Culturas diferentes, ritmos diferentes, até mesmo o BPM da música é algo que precisamos observar ao chegar em um novo país para tocar. Costumo dizer que o DJ deve chegar antes e observar muito antes de tocar. A cena tem mudado bastante no nosso país, e não foi diferente fora. Temos que ser camaleão, aquele que muda de cor, se adapta a diversos ambientes, porém nunca deixa de ser um camaleão, mantém sua identidade.
Depois de tanto tempo fora do país, qual sua expectativa para voltar ao Brasil? …Que cenário pensa que vai encontrar aqui? Espero encontrar um ambiente mais leve e divertido, como era antes da pandemia. Espero poder ver as pessoas felizes, livres e que possamos nos divertir com segurança. Também espero que a música seja respeitada, tanto pelos DJs como pelo público. Precisamos de mais diversidade na música, mais respeito.
Ainda sobre o mercado da música, qual tendência você vê para os próximos anos no cenário internacional? Vejo uma mudança boa, acho que estamos saturados de alguns estilos que tomaram conta da pandemia. Tá na hora de diversificar mais e dar espaço a novas vertentes, resgatar o que de bom nos fez chegar até aqui, claro que os sons que chegaram na pandemia vão ficar, porém não podemos resumir a nossa cena a isso, a cena sempre foi muito rica e ampla, se permanecer essa polarização não será bom pra ninguém. Existe um universo muito grande a ser explorado musicalmente falando, quem se apegar somente a um estilo perderá a oportunidade de expandir e alçar novos voos.
Sua carreira sempre está em movimento, conte sobre seus próximos projetos, e novidades que veremos em breve. Tá pra sair o remix oficial que fiz em parceria com Thiago Dukky para um dos maiores nomes da nossa cena, DJ/produtor Luís Erre (Venezuela). Fora isso, tenho mais projetos com o Dukky, incluindo parceria com uma grande cantora da nossa cena, e muito em breve anunciarei as datas do final do ano no Brasil, tem muita novidade vindo aí.
Quando está produzindo, o que busca como resultado final de cada Track?Uma batida que cause impacto na pista, uma música que as pessoas tenham curiosidade de saber de quem é, algo que marque e faça dançar
Na sua opinião, um DJ tem que produzir? É extremamente importante produzir, porém não é necessário. Existem diversos DJs que são incríveis e não produzem, assim como existem ótimos produtores que não agradam como DJ. Se você for um ótimo DJ e souber produzir levará uma grande vantagem.
E o que ninguém conta sobre “ser DJ”? Passamos por muitos perrengues. Não é somente glamour como muitos pensam. Ser DJ vai muito além de aprender a mixar e selecionar músicas. Noites mal dormidas, renúncias, aventuras, pra ser DJ requer muito amor, dedicação e respeito, respeito pela música, pelos colegas, pela profissão, por quem lá atrás começou e fez com que hoje pudéssemos ter a cena que temos. Um conselho a nova geração: procure entender o universo DJ antes de qualquer coisa, estude não somente música, mas principalmente tenha Ética e respeito por essa profissão tão linda.
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