O talento do Goldfish é protagonista no Complexo Audio em São Paulo

O duo africano, que se apresentou em 24 de janeiro no We Love São Paulo Festival, mostra que, mais do que rostos bonitos, são artistas completos que tem muito a mostrar ao mercado. Confira a matéria na íntegra.


No dia 24 de janeiro aconteceu no Complexo Audio, em São Paulo, a primeira edição da festa “We Love São Paulo”, cuja temática era homenagear a cidade por seus 460 anos de existência, com uma festa á altura de sua majestade.

Foram convidados ao evento DJ’s como os nacionais o trio Jet Lag Live, Victor Ruiz (que dispensa apresentações), e em esfera internacional o holandês R3hab, Matthias Tanzmann, e os sul-africanos do Goldfish Live.

Se o maior propósito era oferecer algo á altura da maior metrópole sul-americana, o mesmo foi realizado com louvor. Mesmo os mais leigos no assuntos impressionavam-se , tanto pelas dimensões da casa de shows, que recebeu mais de 3.000 pessoas, como pela qualidade de quem estava no comando das pick-ups – e claro, uma galera bem bonita circulando no ambiente.
A última matéria que escrevi sobre a “polêmica do pen drive de David Guetta”, discorri a respeito da possibilidade de um set armazenado em alguns MB, que, por desventura do destino, resolveu travar – mas, por ser Guetta, não comprometeu a euforia de quem estava em Recife, ou o frisson de seus fãs. Achei certa dose de “amadorismo” por parte de uma pessoa que figura entre os melhores do planeta, e faz produções que caem na boca do povo, cair nesse tipo de armadilha.

O que isso tudo tem a ver com a “We Love São Paulo”? Bom, apenas a escolha (melhor impossível) do duo Goldfish Live – operando na total contramão do francês citado anteriormente. Composto por Dominic Peters e David Poole, a dupla trabalha a música eletrônica como uma arte, para encher os olhos e os ouvidos. Mixam jazz com batidas africanas, através de instrumentos acústicos como contrabaixo, saxofones, teclados, flauta, vocais com samplers, sintetizadores, e muitos efeitos. Não são DJ’s, são “artistas” no sentido mais amplo e envolvente que a arte pode ter. Fazem ao vivo, a cores, não erram as passadas, fazem música, interagem o publico. Sob seus olhos, na pista ou nos camarotes, gente de várias partes do planeta integram o cenário na Barra Funda (sim, eu falei com residentes em Nova York, Amsterdan, Paris, reunidos em um dos camarotes laterais do club). É im-pres-sio-nan-te o domínio total de toda a parafernália que está no palco. Quem não conhece pergunta quem são. Quem os conhece, tece apenas elogio. E, inevitavelmente, é de cair o queixo.
Para ter uma vaga noção do que ocorre no palco, veja um trecho de de “Goldfish Outdoor” e sinta um pouco do que é o inocente peixinho dourado africano:

Os seus hits, nada comerciais, trazem rock clássico repaginado, atual, moderno, carregadas de elegância. A galera grita enlouquecidamente o hit “We Come Together”, e o refrão “Wô-ô-ô”!

Cantoras com vozes potentes, como do after movie, também. É clara a empolgação do público diante de tamanha grandeza, emoldurada por ótimas imagens da cidade paulistana nos telões de LED, como o vão do Masp, o parque do Ibirapuera, a Av. Paulista. E tudo parece tão… simples! A velocidade com que trocam os instrumentos, clamam a galera, tocam, e não desafinam, não deslizam, simplesmente tudo acontece como um simples “Bom Dia”. É um show, de verdade, e gente como Peeters e Poole merece respeito, admiração, e citação como “profissionais de verdade”. Profissionais pois, apesar de estarem a vários anos na estrada, não se acomodaram. Apresentaram várias faixas de “Three Second Memory” (que foi lançado em outubro de 2013), com trilhas que valem a pena integrar a pasta de “músicas elegantes” de qualquer Ipod, e que, como eles mesmos disseram, “[…] caminham perfeitamente entre o analógico e o digital”. Talvez o Goldfish não figure entre os melhores do planeta; talvez tenha muito o que aprender (e muito mais a ensinar); ou não esteja no Top 10 da DJ Mag – que aliás, figuram quem tem maior poder de penetração e lavagem cerebral – mas com certeza tem o talento que poucos em EDM têm, e que, com certeza, faltou comprovadamente a Guetta. Esse é o poder que um simples “peixe dourado” pode ter.