Skol Sensation Innerspace • A noite em que a música fez diferença

Confira tudo que rolou na quinta edição da festa que levou 40 mil pessoas vestidas de branco para o Anhembi – Aproveite e ouça os sets que os DJs tocaram naquela noite.

O PLUGtronic, desde o anúncio dos DJs convocados esse ano para o Skol Sensation, vem trazendo tudo o que rolaria na festa, sob o tema “Innerspace” (em tradução livre, significa “espaço interior”, referência aos chacras que, segundo a filosofia ioga indiana, seriam os centros energéticos contidos dentro do corpo humano) no qual a cenografia seria a flor de lótus e os 7 chacras. Porém, o que realmente aconteceria durante a noite – e se realmente daria certo ou não – continuava sendo o maior mistério.

Já fui a outras edições do evento, como “The Ocean of White” (segunda edição) e “Mistérios de Wonderland” (terceira edição). Este ano, depois da organização começar a vender os ingressos desde dezembro de 2012, e de tanto os usuários de mídias sociais falarem no facebook oficial do evento sobre como as atrações eram “fracas” (no dia do anúncio do Line-Up, a chuva de manifestações negativas por parte dos usuários foi indescritível, de tantas reclamações realizadas), fui lá conferir pessoalmente o que aconteceu, e posso garantir que, os ditos DJs que não inspiraram a menor confiança, fizeram nesta edição o que coletivamente ninguém fez nas edições anteriores.

A primeira declaração que tenho a fazer é simples: quem não quer ir, simplesmente não vai. E se for, que tenha algo de construtivo a dizer. Vários amigos meus não foram esse ano, por não gostarem das edições passadas, ou efetivamente não acharem que o valor empregado no ingresso lhes forneceria algum retorno. E eu digo: às vezes, num simples final de semana, gastamos muito mais que isso, sem nem sentir, e “nem recordar” qual foi o retorno. E, durante o próprio evento, quem não foi e acompanhou nem que fosse um minuto via live streaming sentiu um pouco de inveja de quem estava lá.

A descrição do que vi, será realizada em blocos. Primeiramente a cenografia, baseada em um palco para os DJs e 4 apenas para decoração, era uma flor de lótus (cujo significado era pureza espiritual; em muitas culturas orientais ela significa elegância, perfeição, pureza e graça) rodeadas por 4 palcos representado por flores menores, cujos protagonistas eram os efeitos especiais. Tanto de perto, quanto de longe, a iluminação projetada sobre o palco e refletidas por laser, os efeitos com fogos de artifício, chuvas de papel picado laminado e colorido, e as bolas coloridas posicionadas no teto que subiam e desciam como um balé coreografado, eram de encher os olhos. Já tinha visto o que poderia ser a noite nos vídeos do youtube sobre o Innerspace Amsterdam, porém, a Amsterdam Arena é um local em que a altura do teto é muito maior do que a do Anhembi, o que não só dificulta como até impossibilita a realização de muitos efeitos contidos durante o show. A versão brasileira, em seu conjunto, não deixou nada a dever na edição lá de fora. Realizadas as devidas adaptações, a simplicidade que parecia ser vista de perto, era substituída pela grandeza vista de longe. Da área da imprensa, localizada ao fundo, pude ver o quão lindo era o jogo de lasers verdes, que pareciam encobrir o publico. E do camarote Diamond, diante da apresentação do back 2 back de Funkagenda & Michael Woods, a vista foi deslumbrante, diante dos bastões azuis balançados pelas mães dos fervidos na pista e das 170 bolas com iluminação de led coloridas que novamente subiam e desciam do teto.
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Curiosamente, as cores mais utilizadas eram verde, azul, vermelho e branco – as cores dos chacras. O que eu vi lá de cima do camarote, descrição nenhuma consegue recriar. Filmei algo bem rápido, mas como disse a principio, a visão e a emoção, mesmo pra quem não esteve nos melhores festivais do planeta (como é o meu caso) não pode ser descrita em palavras. Ainda não vi o que foi filmado via pela organização, mas ressalto que o Brasil tem investido muito em entretenimento (apesar dos valores altíssimos cobrados no valores dos tickets), e com certeza não deixou nada a desejar ao s festivais de fora.
A música foi um espetáculo a parte. Às pessoas que disseram que não gostaram do que ouviram, talvez realmente não encontrassem qualquer tipo de identificação mesmo, ou, como a maior parte do público, não conhece o trabalho de cada uma das personalidades contratadas, ou simplesmente consome o que é veiculado (muitas vezes de forma paga) pelas rádios nacionais.

Apesar de serem nomes pouco conhecidos do grande público comercial, as atrações me surpreenderam.

A começar por Mr. White, que foi quem teve a responsabilidade de realizar a abertura do evento, residente do selo “Sensation” ao redor do planeta. Suas batidas melódicas foram dessa vez envoltas por uma esfera animada, que agitou a pista, e fez o pessoal vibrar, diferentemente das outras edições em que seu som era caracterizado por quebrar todo o ritmo que lhe sucedeu. Um dos únicos a não tocar em formato back 2 back, o som, que ao meu ouvido foi predominantemente tech-house, foi ótimo. Após ele veio a dupla que tinha somente que mostrar o que o Brasil tem: Anderson Noise & Do Santos. O primeiro é figura conhecida no cenário paulistano e tem muitos anos de história. O segundo vocês me perdoem, mas não conheço, e coletei poucas coisas a respeito dele: soube que é brasileiro, e residente na Argentina, mas o que faz quando toca, ou qual é a sua identidade, eu não entendi mesmo. O que posso falar é que o Anderson Noise saiu de sua zona de conforto, e tocou versões que nunca havia escutado. Mesmo vindo de uma cena em que a residência atual são clubes menores como o D-edge e o Lab em São Paulo, a impressão que dava é que a dupla não sentiu-se nenhum pouco intimidada, o que fez o back 2 back surpreender. A próxima atração que viria, honestamente sou suspeita para falar. Já havia visto a dupla holandesa Sunnery James & Ryan Marciano  (foto) em novembro do ano sunrpassado na XXXperience (rave que ocorreu no interior de São Paulo), e desde a primeira vez, adorei o que ouvi. Procurei mais a respeito, ouvi seus sets, vi ao vivo a apresentação no UMF Miami pela internet, portanto, já tinha alguma expectativa sobre o que escutaria, e fiz questão de ficar colada no palco. O que eu ouvi foi INCRÍVEL! O momento já contava com uma plateia extremamente animada, pois a música que foi divulgada nos teasers e comerciais de TV tocou, fez a galera vibrar com os efeitos pirotécnicos, e anunciou a dupla holandesa, que já emplacou musicas pra não deixar ninguém parado. A marca sonora, que conta com uma mistura de house e tribal, conta tanto com versões comerciais, quanto com predominantemente tribais, tracks antigas e atuais (inclusive tocaram “Beachball” de Chris Lake, não tem como não amar). A animação da dupla era impressionante, e o que era considerado algo “morno” fez com que a pista soltasse comentários do tipo “pode não ser a melhor decoração, mas esse ano foram as melhores músicas” (isso vindo de gente que frequenta o festival desde sua primeira edição, e a coisa estava chegando á metade ainda).

Ovacionados ao fim, entram Funkagenda & Michael Woods, ambos ingleses, conceituados no mercado, cuja principal característica é o som mais pesado, descrito como “Big Room”. Já haviam me dito pra prestar atenção no que eles fariam. Porém não fazia ideia de como se desenrolaria tudo, de forma intensa e contagiante. Com som completamente diferente da dupla que havia antecedido, a performance foi marcada por mixagens impecáveis, sem nenhum deslize ou derrapada, set digno daqueles que são pra se gravar e escutar mil vezes seguidas em casa. A entrada de Deniz Koyu & Dberrie, além de ser fantástica, já vem com aquele sentimento de que a festa está acabando, trazendo a mente o sentimento de como tudo passou tão rápido – já tínhamos nos perdido e nos encontrado dos amigos várias vezes, visitado a praça de alimentação gigantesca, tirado fotos, feito vídeos, enviado SMS pra deixar os amigos que não foram #Xatyadissimos. Eis que nesse momento vou a única parte que me faltava conhecer dentro da festa – o camarote Diamond. Lá de cima pude ter a visão mais linda que pode se ter do evento, justamente quando a dupla embala a pista ao som de nada menos que Around the World do Daft Punk. A galera, munida de vários bastões iluminados com Led Azul, balançam para cima na batida da música, e eu, lá de cima, presenciando aquele mar de gente, na melhor visão possível. E, com toda sinceridade, quem estava ali no camarote, com certeza estava feliz, aproveitando a festa, curtindo com os amigos, conhecendo pessoas, de forma tranquila e divertida (afinal, quem tem poder aquisitivo, vai lá e arrasa na pulseirinha não é mesmo?). Mesmo assim, com todo conforto, open bar de tudo que era possível e imaginável, copos dourados, maquiadores a disposição, camarote é só pra dar close, porque o meu negocio é o fervo! Volto pra pista, e Denis Koyu mostra, além de suas novas apresentações, tracks incríveis, comerciais e conceituais. Dberrie em contrapartida, equilibra o set, fazendo da performance algo para se encher os olhos. Esse ano não fiquei até o ultimo segundo da festa, afinal, várias mil pessoas saindo ao mesmo tempo, e querendo o mesmo taxi, resultaria em muito tempo aguardando lá fora. E, saindo 10 minutos antes do fim, consegui transporte em apenas um minuto do lado externo.

A organização, ao meu ver, foi ótima. Talvez pelo aumento do valor do ticket (em que nos outros anos custou em torno de R$ 90,00 meia entrada para pista), não presenciei qualquer tipo de aglomeração, ou roubo. Porém, infelizmente soube, segundo o site da Band, que houveram em torno de 80 roubos de celulares, realizados por 3 suspeitos. Os celulares apreendidos foram encaminhados á delegacia do turismo em São Paulo. A assessoria de evento do local foi extremamente solicita a todos os pedidos feitos pelos jornalistas no local, e dispôs de uma infraestrutura ótima para apoio. Também vi seguranças circulando na pista, e não apenas parados nas portas de acesso e dos camarotes. O barmans também eram ágeis, e as normais filas gigantescas não existiam em nenhum dos caixas dispostos ao redor da pista. A única coisa que achei estranho foi que era mais fácil comer sushi lá dentro, do que comprar um chiclete (rodei aquele pavilhão 3 vezes e não descobri onde comprar um mero trident). Mas isso não desabona em absolutamente nada o evento.

Concluo que o Skol Sensation foi um tapa na cara de muita gente que desdenhou o evento antes dele acontecer, mas quando viu a data chegar, os amigos comentarem, e o live stream começar a ser exibido, ficou com inveja.

A organização sabe que brasileiro gosta de se divertir, (ou como dizem muitos por aí, a questão é que “muitos brasileiros gostam de mostrar o que tem, não tem, ou esbanjar mesmo”, visto a invasão de tantas grifes gringas no mercado nacional e o continuo sucesso delas – se não tivéssemos potencial para consumo, você acha que viriam pra cá pra ter prejuízo?), e paga, mesmo sem saber o que será exibido durante o evento. Não tiro o mérito de nenhum dos organizadores, e acho sim, que eles tem muito o que mostrar ao mercado. Obviamente falhas organizacionais existem (como por exemplo a questão dos furtos) porém nesse ano acredito que a música foi o ponto alto e de destaque: artistas pouco conhecidos ao grande publico, porém com grande know-how, fizeram o que, poucos de forma isolada conseguiram durante as edições do evento: mais que tocar, mostrar de forma condensada quem são, a que vieram, e até onde podem chegar. O melhor de tudo mesmo é ser surpreendida, e com certeza, querer que “Source of Light” aconteça e surpreenda tanto quanto “Innerspace” me deixou de boca aberta durante o Skol Sensation 2013.

Clique aqui e ouça todos os sets que rolaram nesta edição do Skol Sensation