3 vozes e 1 violão

Damien Rice, Jack “praiêro” Johnson e Jorge Drexler.

“Iae galera! Beleza?

Estou começando hoje no PLUGtronic e resolvi, ao invés de me apresentar com aqueles dados de quem sou, de onde vim, pra onde vou, fazer uma coisa diferente. Vou me apresentar falando de três artistas distintos em seus estilos de tocar um mesmo instrumento: o famigerado violão.

Gosto muito do som desse instrumento secular. Suas notas sempre nos inspiram momentos de reflexão e contemplação. Quando acompanhado de vocais, exige do cantor ou cantora, completo domínio da técnica vocal por denunciar qualquer desafino de quem ouse lhe acompanhar.

Não sou músico que toque violão, mas tenho verdadeiro fascínio pelo som que ele produz, desde as guitarras ciganas à boa e brasileiríssima bossa-nova.

Fato é que atualmente há 3 nomes que me encantam quando o assunto é violão Pop. Estou falando de Jorge Drexler, Damien Rice (foto) e Jack Johnson. Posso até ver umas carinhas se retorcendo aqui e ali. Normal. Mas é impossível conhecer a discografia destes três artistas e não se apaixonar por como eles levam com paixão o som e a mensagem.”

Começo falando de Damien Rice. O cara é um irlandês nascido em 1973, instrumentista, cantor e compositor. O cara estourou para o mundo em 2002 com o lançamento do álbum “O” e a inserção de várias músicas deste álbum no filme “Closer” (Dir.Mike Nichols, 2004) e mais recentemente em “Shrek Terceiro”. Damien, como eu o chamo, é um cara muito mais preocupado com a música como ferramenta de inserção cultural e engajamento social do que como forma de obtenção de grana. Para se ter uma idéia, ele fez dois shows no Brasil no início de 2009 (São Paulo e Floripa) sendo que o de Floripa foi totalmente beneficente a uma associação que cuida de crianças. E a coisa não pára por aí. O irlandês usa energia eólica em casa, biocombustíveis nos ônibus e caminhões de turnê, ou seja,  ele tem o selinho de “cantor-verde” (risos).

Sobre sua música, Damien Rice é bastante intimista. No DVD gravado em 2008 (Live from the Union Chapel), pode-se perceber a versatilidade e intensidade com que ele compõe e toca, levando a platéia várias vezes a ovacioná-lo em palmas. O cd “O” é minha super indicação pra conhecer um violão intimista, com um dedo de melancolia e sempre mensagens profundas.

Já nosso amigo Jack “praiêro” Johnson é mais popular nas rodinhas do que o Sr.Rice.  J.J. é de Honolulu, Hawai. Nascido em 1975 e teve contato com o curvilíneo instrumento quando, num acidente surfando, precisou ficar 90 de cama (tadinho). Pronto! Com Bob Marley na idéia J.J. começou a dedilhar suas canções e em 2005, Johnson alcançou o topo de sua carreira com o lançamento de seu terceiro CD, In Between Dreams, quando havia sido apresentado por Ben Harper a uns figurões de gravadoras. Jack tem um som bem leve, suave (porque será?) com um violão de levada gostosa, pacífica e letras muito bem humoradas e apaixonadas. É o tipo de som pra se ouvir a qualquer lugar quando se quer dizer pra quem está ao lado que você está afim dela(e), e fazendo isso com muito bom humor e de forma descontraída, pra não afugentar o prospect-lover.

Ok. Não gosta da melancolia e da profundidade das letras do Damien Rice? Não quer que te rotulem de “reggêro” por ouvir Jack Johnson e te confundirem com adoradores de lual e fumacinhas? Então vai de Jorge Drexler.

Uruguaio, nascido em Montevidéo, 1964, é mais conhecido como compositor da canção “Al outro lado del rio”, vencedor do Oscar de melhor canção com o filme “Diários de Motocicleta” do brasileiro Walter Salles, em 2004. O latino já possui 11 álbuns gravados e todos tem o tempero da música latina e a mescla de vários instrumentos e estilos musicais. Mas a marca de Drexler é o ritmo mais quente que ele imprime em todas as canções e bom-humor com que trata suas músicas. Seus shows são sempre muito bons, cheios de momentos de intimidade e boas risadas. Ele faz piada de tudo! E suas canções impregnam a cabeça da gente de uma forma absurda, tipo música chiclete, mas não é ruim não. Lógico que conhecendo, é notória a evolução que teve desde o primeiro cd, o que nos deixa mais curiosos sobre os próximos trabalhos.  Os dois últimos trabalhos são daqueles CDs pra se ouvir várias vezes no replay.

Se fossemos fazer uma paralelo entre estes artistas eu diria que Damien Rice é pra se ouvir quando se quiser curtir uma fossa boa, daquelas dignas de quem levou um pé e precisa chorar as pitangas; Jack Johnson é pra quando você viu um passarinho azul, quando teve aquele noitada inesquecível, ou se estiver com alguém nesta intenção; Jorge Drexler é pra mostrar para seus amigos que você é uma pessoa que não curte só músicas em inglês e que aliás conhece músicos de qualidade da América do Sul.  Use a abuse dos momentos que quiser e conheça novos ares e novos acordes do velho, bem quisto e querido, violão.