Dia da Música

Hoje é o Dia da Música, uma data que nunca chamou a atenção dos brasileiros embora sejamos um povo extremamente musical, o que nos leva a questionar como permitimos e aceitamos que não hajam políticas públicas de promoção e ensino da educação musical em nossas escolas como parte do currículo dos estudantes.

Recentemente foi aprovado no congresso nacional um projeto que “desmonopoliza” as produções áudio visuais de artistas brasileiros, o que de fato vai reduzir o custo dos cds e dvds para o público final.

Clique Aqui e saiba o que irá mudar com a PEC da Música

A pergunta que fica é a seguinte: quem ainda tem o costume de comprar cds? Aqui aproveito para esclarecer que esse artigo se reserva o direito de tratar da relação dos habitantes dos grandes centros e a produção audiovisual nacional. Quem ainda não tem uma conta no iTunes nem se desespera muito porque pode ouvir seus artistas através de redes como o Groveshark ou Soundcloud, sem falar dos depositórios de arquivos como 4Shared e MegaUpload (quem nunca?)

Como poderiamos realmente democratizar o acesso às produções musicais? Apenas reduzindo impostos? Pelo menos é assim que a maioria dos artistas das antigas pensam. Já os caras mais novos e menos capitalistas, vindos de discursos contrários a essa politica de lucrar cegamente com a música, defendem shows abertos, gratuitos, como via de formação de público (ponto para Criolo, Tulipa Ruiz, Emicida, Negra Li, entre outros).

Uma outra coisa extremamente positiva que aconteceu na cidade de São Paulo é o grande número de casas de shows que comemoram sucesso como o Cine Jóia e seus shows transmitidos via YouTube, Grand Metrópole e seus diversos ambientes e mais alguns. Essas casa são obra e fruto de uma nova juventude musical que já não aceita mais pagar caro por um “discurso”.

0817eafe15b2a4cbfe0d768bc2433029

A música é uma arte e quanto a isso ninguém discute. Ouso dizer que para cerca de 70% das pessoas a música não passa de entretenimento, diversão, passatempo para nos distrair nas idas e vindas do transporte. Há os 30% que vem a música como meio de expor suas ideias e propostas para essa mesma audiência jovem e um tanto mais engajada socialmente, que não fazem questão dos “quadradinhos” e afins. São essas pessoas que ouvem as letras inflamadas com conteúdo que atinge diretamente a esses jovens que tem suas realidades espelhadas nas letras desses artistas e que fogem da estética comercial que democratiza a música já que grande parte desses caras e minas não foram forjados sob a égide do virtuosismo apelativo que endeusa Chicos Buarques, Caetanos Velosos, cujas vidas, atualmente, estão envolvidas em discussões a cerca da impossibilidade de se tratar dessas mesmas vidas em biografias (se você estiver de olho no noticiário sabe do que estou falando).

O que podemos realmente comemorar no Dia da Música?

Podemos comemorar a volta dos shows para a juventude, podemos comemorar as festas de rua, podemos comemorar os funkeiros sociais, podemos comemorar a aceitação do rap filosófico, do samba contemplativo e introspectivo (aliás, o samba, o reggae e o jazz desempenham um papel que transcende o mercado fonográfico). Podemos comemorar os American Idols que nos deu Jennifer Hudson, os “The Voice”, os “Got Talent”, os “Raul Gil” que até hoje prende as famílias em frente à TV. Podemos comemorar um possivel refinamento musical sem discurso elitista. Podemos comemorar a Virada Cultural paulista e fluminense. Podemos comemorar sim!

Maaaaaas… como este nosso espaço tem uma forte presença da música eletrônica, nesse quesito podemos comemorar também a quebra do eixo Rio-SP monopolizando as atenções nacionais quanto aos grandes shows e grandes festas: Beyoncé em turnê por varias cidades; GreenValley; Hell&Heaven; Caldas Novas; Floripa; Salvador. Enfim a música está assumindo seu espaço no gigantismo do Brasil.

Evidentemente não posso deixar de dizer da falta de criatividade e qualidade musical nas festas com menos tempo de existência e voltadas a um público mais jovem que beira a agressão sonora aos ouvidos mais acostumados com harmonias e viradas feitas com perfeição.

Sim, podemos comemorar o brega da Gaby Amarantos e o sucesso do Aviões do Forró, podemos comemorar o encontro do funk com o pagode e o sertanejo (só brasileiro para misturar óleo, água e vinagre e conseguir apresentar um quarto elemento).

Nesse Dia da Música te convidamos a comemorar ouvindo e compartilhando os sons que te inspiram e te animam.

Feliz Dia da Música para quem não sabe viver sem ela e mantém a vibe de manhã, a noite, na madrugada ou naquela tardezinha em Itapuã.

Então comemore e cante porque quem canta…

Deixe um comentário