O PLUGtronic entrevistou Fedde LeGrand, que falou sobre música eletrônica, carreira, planos e seu espetáculo “Grand” nesta matéria imperdível – Confira.
Fedde LeGrand é um DJ, mas com sua disposição, poderia seguir qualquer outra profissão com sucesso reconhecido, o mesmo que tem ao longo de toda sua carreira dedicada a musica. O holandês de 38 anos, nascido em Utrech, desde criança sabia que na música estaria sua paixão, seu trabalho, e de onde ele despontaria para o mundo todo.
Tocou em lugares pequenos, médios, grandes, gigantescos, sem se intimidar. Vive com a agenda lotada (em apenas 5 dias esteve no Peru, Paraguai, Chile onde se apresentou pelo Ultra – aquele festival imenso que rola em Miami (UMF) e roda várias partes do mundo – até desembarcar no Brasil para se apresentar com exclusividade na Kaballah, festival de música eletrônica que aconteceu dentro do parque de diversões Hopi Hari, localizado em Vinhedo, interior de São Paulo. Ainda é produtor; solta com frequência praticamente semanal o Darklight Sessions, seu podcast com duração de uma hora no soundcloud.
Acha pouco? Recentemente ainda fez um espetáculo denominado “Grand” onde envolveu bailarinos, cenografia, cantores com vocal ao vivo, e ele, o protagonista, tocou e interagiu também ao vivo enquanto tudo acontecia sob seus atentos olhos azuis. Não bastasse a energia no palco (em que ele não para de tocar, dançar, e gesticular com o público sem ter aquele “falatório” chato na nossa cabeça), esbanja sua melhor forma física. Traços fortes em seu rosto, ombros e mãos largas, braços e abdômen definidos fizeram as mulheres soltarem gritos eufóricos – se nas fotos é bonito, pessoalmente faz aplaudir pelo DNA privilegiado – e marcou como sendo um dos maiores (senão o melhor) do Main Stage no festival do Brasil apresentando um set conciso, sem nenhuma falha, com músicas que imprimiram sua personalidade e traduziram porque LeGrand é, mais que um artista premiado, o cara que parou o mundo com o “Put Your Hands Up for Detroit”, é dono da deliciosa “Cinematic”, tem milhões de seguidores nas redes sociais e é um dos nomes mais requisitados da cena eletrônica.
Agora que você já conhece um pedacinho de sua trajetória, confira nossa entrevista exclusiva com o DJ, realizada pouco antes de sua apresentação em nosso país:
1. Fedde, você começou sua carreira musical logo após terminar o colegial, e agora, depois de ser reconhecido em todo o mundo, você apoia e incentiva as novas gerações. Qual é a importância deste tipo de atitude na cena eletrônica e o que lhe dá motivação a isso?
Eu sempre pensei que estimular e apoiar a nova geração de produtores de música é uma das coisas mais importantes que você pode fazer quando você está na posição que eu estou. Um dos meus objetivos quando eu criei a Darklight Recordings [selo de sua autoria] era procurar novos talentos em que a música, talvez, não estava dando tanta atenção quanto deveria. Sempre foi difícil fazer uma carreira fora de música, mas mais ainda nos dias de hoje, com o mercado tão saturado, então eu sinto que eu faço o minha parte para tentar encontrar aquele som especial que pode estar perdido no meio de tanta barulheira.
2. O que você sabe sobre o Brasil? Você conhece algum produtor ou DJ brasileiro? Qual é a primeira coisa que vêm a sua cabeça quando alguém fala sobre o Brasil?
Há tanto a dizer sobre o Brasil, muito para caber em uma unica resposta! Ele simplesmente tem muito a oferecer, quer seja em sua música, comida, praias, festas, a lista é infinita… É incrivelmente vibrante e colorido, especialmente Rio, que fui algumas vezes e adorei. Estou realmente animado para tocar na Kaballah Festival, e claro , conseguir relaxar um pouco em São Paulo, que também é um lugar tão incrível. E a primeira coisa que vem à minha mente quando penso no Brasil teria de ser … CARNAVAL!
3. “Put Your Hands Up for Detroit” foi e ainda é um enorme sucesso em sua carreira (aqui no Brasil a track foi tocada milhares de vezes em rádios e programas de TV). Existe alguma outra track semelhante que significa muito para você, e qual a história atrás dela?
Que pergunta difícil. Existem tantas! Quero dizer em primeiro lugar ‘Let Me Think About It “e” The Creeps “, foram tão importantes quanto “Detroit” no sentido de ter certeza que eu não me tornaria um cara de apenas um-incrível-hit (rs). Eu ainda sou apaixonada pelo meu remix de “Paradise” do Coldplay [e claro que ele apresentou sim tracks do Coldplay em seu show na Kaballah para nossa alegria], embora eu certamente nunca vou esquecer do telefonema que recebi quando fui convidado para remixar a faixa póstuma de Michael Jackson “Love Never Felt So Good”, (acho que minhas pernas ficaram tremendo durante todo o resto do dia)! Não posso também deixar de mencionar meu remix para o Faithless “Insomnia” [um dos lendários e mais duradouros projetos da música eletrônica, comandados pelo rapper e vocalista Maxxi Jazz] também, que ficou por um mês no top 10 do beatport em tech house!! [Para escutar a track clique aqui]. De volta a pergunta, eu certamente não poderia deixar de citar “Cinematic”, que de alguma forma atinge algo especial em mim, “Don’t Give Up”, “Rockin ‘N’ Rollin”, “Twisted”, “Back N Forth”… Acho melhor eu parar agora, afinal existem tantas. Fora as que estão por vir, há algumas ainda que são pra lá de especiais para mim também, mas tudo tem seu tempo.
4. Vendo o aftermovie de “Grand” parece que o show foi uma mistura de grandes musicais, mas bem mais legal, porque foi feito com um DJ icônico, uma atmosfera incrível e emocionante, feito com várias pessoas que trabalharam em conjunto a você . Como foi fazer esse tipo de apresentação, qual foi a coisa mais difícil e qual foi o momento mais inesquecível? Você tem planos de levar seu espetáculo para outros lugares? [Grand foi um espetáculo audio-visual apresentado em Amsterdan, e contou com palcos que se movimentavam, acrobatas, fogos de artifício e teve LeGrand como único produtor e DJ em todos os atos]
GRAND foi certamente o maior projeto que eu já realizei, porque teve tanta coisa para preparar e organizar, não era como um set comum! Eu tinha trinta bailarinas holandesas, trapezistas ao vivo, vocalistas e vários dançarinos de break, todos sincronizados com a minha música, algo que não havia acontecido antes na cena da dance music, por isso, eu não sabia o que as pessoas achariam disso. Outro ponto foi que eu insisti foi que todos os elementos fossem coreografados pela equipe a fim de encontrarmos uma solução em que eu pudesse realizar um set ao vivo, ao invés apenas de apertar o play, se você entende o que quero dizer. Eu acho que eu lhes dei um bom desafio. Mas, no final, criamos um sistema que funcionou perfeitamente trazendo o feedback certo para todos os atos, para mim e a equipe de tecnologia, então sim, estávamos todos muito felizes com o resultado. E o resposta tem sido uma loucura !! Toda a vibe e atmosfera na noite foram incríveis, as pessoas estavam tão animadas e surpresas, algo que só continuou a aumentar durante toda a noite, deixando a cada dia um sentimento de êxtase crescente. Então, depois de esgotarmos 6 noites consecutivas após a estréia, tornou-se muito claro que o espetáculo superou a expectativa local antes mesmo de começar e agora para o show 2.0 estamos voltando para a Ziggo Dome em Amsterdã com capacidade para mais de 15.000 pessoas, então nós temos trabalhado em coisas ainda maiores. Durante o resto de 2016 “GRAND” vai viajar internacionalmente, portanto, fiquem atentos as próximas datas!
[Nem preciso falar que o Brasil já está contando os segundos a espera do retorno de Fedde e a inclusão em sua turnê; se você ficou curioso, confira o aftermovie (em 4k, resolução bem maior que HD) do espetáculo abaixo]
5. Se você pudesse traduzir sua música em uma unica palavra, qual seria? Qual foi a maior lição que a vida lhe deu tocando todos esses anos ao redor do mundo, e que conquista você gostaria de ter no futuro que você ainda não tem?
Eu nem tenho certeza se eu realmente consigo escolher apenas uma palavra, mas eu acho que para mim é sempre algo em torno de viver e curtir! A maior lição que eu aprendi tendo tocado por dez anos eu acho que é ser humilde, para não se acomodar sobre o que se consegue, e de nunca ter deixado passar as oportunidades que a vida lhe da. Eu sinto que estou sempre olhando para o futuro, indo aos meus limites para cada show em que me apresento que é unico; você sempre tem a chance de fazer algo verdadeiramente especial, mas isso não vai acontecer se você não trabalhar muito em cima disso! No momento eu estou encerrando os últimos detalhes do meu novo álbum que eu estou realmente feliz em realizar, e o espetáculo GRAND 2,0 está tomando bastante tempo e energia; estamos determinados a fazer este show ainda mais especial do que antes, e um monte de coisas legais estão por vir no ano que vem, que eu gostaria de contar mas só no futuro.
*crédito das fotos: perfil oficial no facebook
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